Diabetes melittus e os benefícios dos exercícios físicos


1 INTRODUÇÃO

1.1       JUSTIFICATIVA

A incidência e prevalência do Diabetes mellitus tem aumentado de forma significativa, sendo considerada uma doença com importância crescente em saúde pública. A adoção de medidas eficazes para prevenir o aparecimento do diabetes e a melhora da condição do paciente que já possui a doença se faz imprescindível. Este trabalho visa fornecer uma visão geral sobre o potencial do exercício físico como agente coadjuvante no controle glicêmico do paciente diabético e conseqüente prevenção das várias complicações que a doença pode causar.
1.2 OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi revisar e descrever os benefícios do exercício físico na saúde do portador de Diabetes mellitus.

2  CLASSIFICAÇÃO DO DIABETES MELLITUS

2.1 DIABETES MELLITUS TIPO I E II

A classificação do Diabetes mellitus (DM) baseia-se na sua etiologia, onde os processos patogênicos envolvidos variam muito. A maioria dos casos se enquadram em diabetes do tipo I (DM 1)  e diabetes tipo II (DM 2). O DM 1 representa 10% de todos os casos e é caracterizado por uma deficiência de insulina causada pela destruição das células β pancreáticas, de natureza autoimune ou idiopática. A suscetibilidade genética e os fatores ambientais, especialmente as infecções, são importantes na patogenia. Resulta de um ataque autoimune crônico às células β com início vários anos antes de a doença se tornar evidente. Por sua vez, o DM 2 decorre de graus variáveis de deficiência relativa da secreção e resistência insulínicas e é responsável por mais de 80% de todos os casos. A resistência á insulina causa uma redução na captação, metabolismo ou armazenamento da glicose pela diminuição no número de receptores, redução na fosforilação do receptor de insulina, redução da ativação da sinalização da insulina e alteração das vesículas contendo GLUT-4, proteína de captação da glicose presente nos principais sítios de ação da insulina, que são o tecido adiposo e o músculo estriado esquelético. Normalmente o paciente apresenta sobrepeso ou obesidade, com elevada deposição de gordura abdominal. Essa forma de diabetes apresenta evolução lenta e gradual, com sintomas inicialmente leves e imperceptíveis, cursando sem o devido diagnóstico por muitos anos. Esses pacientes apresentam elevado risco de desenvolvimento de complicações posteriores (ROBBINS & COTRAN, 2005).

2.2 INCIDÊNCIA

Segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (2011), a doença afeta cerca de 285 milhões de pessoas em todo o mundo e espera-se que a prevalência apresente um aumento de 35% até 2025. No Brasil, 9,7% da população adulta são portadores de diabetes (IDB, 2009).

1.2       AVALIAÇÃO DA GLICEMIA

A SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2008) estabelece o teste de glicemia e teste de hemoglobina glicada como importante recurso para tradicional avaliação do estado de controle em pacientes diabéticos. O teste de glicemia revela o nível glicêmico instantâneo enquanto que o teste de hemoglobina glicada mostra a glicemia média dos últimos dois a quatro meses. Mais recentemente, em 2008, dois parâmetros foram acrescentados para tal fim: a glicemia média estimada, avaliada através de perfis glicêmicos; e a variabilidade glicêmica, através de desvio padrão, definindo as correlações matemáticas entre os níveis de hemoglobina glicada e os níveis médios de glicemia. A realização de pelo menos três perfis glicêmicos diários de seis a sete pontos, entre glicemias pré prandiais, pós prandiais e durante a madrugada, permite estimar a glicemia média semanal. Na prática clínica está se apresentando o melhor preditor de complicações macrovasculares, sendo considerada a conduta mais adequada.

3 DIABETES MELLITUS E EXERCÍCIO FÍSICO

A maioria das evidências experimentais e clínicas sugerem que as complicações metabólicas do diabetes são conseqüência especialmente da hiperglicemia. A Sociedade Brasileira de Diabetes (2008) recomenda como principal objetivo terapêutico atingir e manter a glicemia o mais próximo de valores normais. A hipertensão, dislipidemia e disfunção plaquetária são fatores de risco adicionais para o desenvolvimento de aterosclerose acelerada, sendo um dos eventos cardiovascular mais comum de mortalidade no diabetes (ROBBINS & COTRAN, 2005).
Um estudo publicado por Neuhouser, et al., (2002) demonstrou que os 1728 homens e mulheres diabéticos, que durante um ano tiveram controle alimentar e praticaram exercício físico moderado regular, diminuíram o risco da doença em 42%. Yoo, et al., (2004), também obteve resultados positivos no controle do DM Tipo II, através de mudanças drásticas do estilo de vida de 29 pacientes diabéticos, com uma dieta balanceada, exercício físico e controle da saúde.
A atividade física regular reduz grandemente as probabilidades de desenvolver a DM Tipo II e a combinação de dieta adequada e exercício regular é mais eficaz que qualquer outro tratamento isolado. Trazem benefícios imediatos e tardios, como aumento da ação da insulina, aumento da captação da glicose pelo músculo ativo, aumento da sensibilidade à insulina, decréscimo da ansiedade e depressão (ROBBINS & COTRAN, 2005).
O exercício agudo provoca uma queda brusca nos níveis plasmáticos de glicose, podendo persistir por vários dias. A atividade física regular provoca melhora prolongada no controle glicêmico pelo aumento da sensibilidade à insulina por parte dos músculos ativos. Contribui para redução de colesterol e triglicerídeos pois incluem modificações na hiperinsulinemia e hiperglicemia. O excesso de morbidez e mortalidade do paciente está associado com doença cardiovascular resultante de aterosclerose acelerada (MCARDLE & KATCH, 1998).
Para o DM 1, especificamente, o cuidado em normalizar os níveis de glicose durante o dia merece atenção especial. O exercício físico moderado provoca a utilização da glicose disponível por parte dos músculos ativos, provocando uma queda dos níveis plasmáticos de glicose. A hipoglicemia no paciente que faz uso de insulina exógena é considerada um distúrbio grave por isso deve ser feitos ajustes entre a dosagem de insulina, alimentação e exercício físico, levando em consideração a individualidade biológica de cada um (MCARDLE & KATCH, 1998).

4 CONCLUSÃO

O conhecimento da doença e da evolução clínica e fisiológica do paciente diabético faz do biomédico um profissional capaz de oferecer instruções corretas para o controle da doença através da triagem necessária para poder iniciar um programa de atividade física e o monitoramento das funções durante as atividades, como controle glicêmico e perfil lipídico. Além de oferecer informações sobre possíveis complicações devidas à prática de atividade física, como traumas, pela diminuição de sensibilidade das extremidades, característica do paciente diabético. A escolha de atividades e equipamentos adequados e a inspeção dos pés do paciente minimizam os riscos de agravamento da doença.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DIRETRIZES DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Avaliação do controle glicêmico. Rio de Janeiro, 2008.
IDB: Indicadores de Dados Básicos, 2009 Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2009. Acesso em 10 jun. 2011.
IDF: International Diabetes Federation, 2011. Disponível em: http://www.idf.org. Acesso em 10 jun. 2011.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
NEUHOUSER. et. al. Diet and exercise habits of patients with diabetes, dyslipidemia, cardiovascular disease or hypertension. Journal of the American College of Nutrition, v. 21, n. 5, p. 394-401, 
2002.
ROBBINS, S. L; COTRAN, R. S. Patologia, Bases patológicas das doenças. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
YOO, S.H. et al. The effects of short term comprehensive life style modification program on glycemic metabolism, lipid metabolism and body composition in type 2 diabetes mellitus. Taehan Kanho Hakhoe Chi. Dez. v.34, n.7, p.1277-1287, 2004.

Aluna: Paola Araujo de Aquino, Biomedicina.

Orientador: Prof. André Bellin Mariano, D.Sc.