OVERTRAINING - O SUPER TREINAMENTO
Alex Giacominni, Édson da Silva Rezende, suelen cequinel moraes, andré bellin mariano
Resumo
Overtraining ou supertreinamento é um desequilíbrio
entre recuperação e estresse, que acomete principalmente atletas de elite.
Sintomas que antecedem o overtraining, chamados de overraching devem ser
identificados prevenindo complicações mais graves. Dentre os principais
sintomas do overtraining podemos descrever apatia geral, decréscimo da auto
estima, instabilidade emocional, diminuição do desempenho e aumento da susceptibilidade
a infecções. Os marcadores encontrados são alterações físicas, fisiológicas ou
características psicológicas. O Biomédico é um profissional com grande capacidade de
atuar na prevenção, no diagnóstico e controle do overtraining, sendo este um
profissional generalista e multidisciplinar cada vez mais inserido no mercado
de trabalho devido suas diversas ferramentas de atuação e desempenho, estando
apto a atuar na área esportiva.
PALAVRAS-CHAVE: Overtraining, Overraching, Biomédico, Atletas de
Elite.
ABSTRACT
Overtraining
is a disequilibrium between recovery and stress, affecting
elite athlete mainly. Symptoms that precede overtraining, called overreaching
must be identified preventing more serious complications. Amongst the main
symptoms of overtraining we can describe general apathy, decrease of the auto
one esteem, emotional instability reduction of the performance and increase of
the susceptibility the infections. The joined markers are physical,
physiological alterations or of the psychological characteristics. The
Biomedical is a professional with a great capacity to act in prevention,
diagnosis and control of overtraining, which is a professional generalist and
multidisciplinary increasingly entered the market work because of its diverse
expertise and performance tools, being able to work in the field sports.
KEY-WORDS: Overtraining, Overraching, Biomedical,
Elite Athlete.
1. INTRODUÇÃO
O treinamento esportivo tem como
objetivo aumentar e melhorar o desempenho físico. No entanto quando um
treinamento é caracterizado como excessivo e prolongado sendo aplicado
simultaneamente a uma inadequada recuperação, muitas alterações fisiológicas
consideradas positivas associadas com o treinamento físico são revertidas ao
supertreinamento (ST) (Alves et al.,
2006).
Segundo Lehmann et al. (1998), o ST (overtraining) pode ser definido como um
desequilíbrio entre estresse e recuperação, ou seja, grandes fatores
estressantes com pouca recuperação. O overreaching é considerado um ST a curto
prazo e deve pode ser identificado antes do overtraining.
Embora a síndrome do ST seja notada em
atletas de elite, o ST é também um problema em outros níveis de participação.
Esta síndrome tornou-se um problema significativo no esporte de alto nível,
abreviando carreiras promissoras (Alencar
et al., 2010).
Os marcadores do ST são definidos como
as alterações físicas, fisiológicas ou características psicológicas associadas a
este e aos estímulos que procedem ou acompanham o aparecimento da síndrome do
ST atual, conseqüentemente, algumas dessas alterações fisiológicas, bioquímicas
e imunológicas comumente associadas ao treinamento pesado tem sido propostas
como potenciais marcadores do ST (Cunha et
al., 2006).
Em suma, o presente artigo de revisão
de literatura tem como objetivo descrever a síndrome do overtraining, seus
tipos, sinais, sintomas, principais marcadores e como prevenir o
supertreinamento.
2. OVERTRAINING
O overtraining ou ST é uma
condição complexa, caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas, em
reposta a um planejamento inadequado do treinamento esportivo. Esta síndrome é
frequentemente encontrada em atletas que cumprem um programa de treinamento mal
planejado, caracterizado por grandes volumes e/ou altas intensidade, sem um período
de recuperação adequado. Além disso, fatores de estresse podem ser encontrados em
situações do treinamento e da competição, mas também naquelas relacionadas à extra
treinamento e extra competição. Por sua vez, os atletas, na tentativa de
alcançar altos níveis de desempenho com o treinamento podem tornar-se excessivamente
treinados, apresentando sinais e sintomas do ST como mostra a Figura 1 (Nakamoto,
2005).
No
overtraining os atletas encontram-se num platô crônico de desempenho que não
pode ser influenciado positivamente por pequenos períodos de descanso e
recuperação, este fator ainda é o padrão ouro para detecção do overtraining
(Rogero et al., 2011; Alencar et al., 2010).
Figura 1 - Síndrome do Overtraining - Relação desempenho e volume e intensidade de treinamento (adaptado de Alencar et al., 2010).
Além do treinamento excessivo
sem recuperação necessária, outros fatores podem predispor o individuo a
síndrome, como o grande número de
competições, a monotonia do treinamento, as condições médicas pré-existentes, a
nutrição inadequada frente à carga de treinamento, os fatores ambientais, tais
como, altitude, temperatura e umidade, e ainda a falta de orientação de um
profissional para a prática de atividade física (Freitas et al., 2009).
A incidência do ST no
esporte varia de acordo com a modalidade, sendo que esportes que envolvem
grandes cargas de treinamento freqüentemente demonstram maior número de
resultados negativos. Segundo Alves et al.
(2006), na Olimpíada de Atlanta, 1996, investigações realizadas entre 296
atletas de 30 diferentes esportes mostraram que 84 deles estiveram em um estado
de ST e que este explicava a queda de seus desempenhos.
2.1 Overraching
Overrraching é o ST a curto prazo, sendo descrito como
ácumulo de estresse intrínsico e extrínsico ao treinamento, que resultam em
diminuição de curto prazo do desempenho com ou sem sinais e sintomas
fisiologicos e psicologicos em que a restauração do desempenho pode levar de
vários dias a algumas semanas (Alencar et al., 2010).
2.2 Tipos de overtraining
De acordo com Israel
(1976) existem dois tipos de síndrome de ST, a do tipo simpático e a do tipo
parassimpático. Lehmann (1999) reporta que o tipo parassimpático, que é
caracterizado pela predominância do tônus vagal ou por insuficiência adrenal é
mais freqüente que o tipo simpático, que mimetiza um estado hiperadrenérgico ou
hiperfunção da tireóide.
Os sintomas principais
da síndrome do ST são cansaço e excitação (forma simpática) ou inibição e
depressão (forma parassimpática). Independente das formas ocorre diminuição do
desempenho. A forma simpática é rara e quando encontrada, está presente em
esportes de característica anaeróbica que requerem atividades como corridas de
curta distância, saltos e arremessos (Samulski et al., 2005).
A forma parassimpática é
tipicamente encontrada em esportes aeróbicos como corridas de longa distância,
natação, ciclismo de estrada, ou seja, atletas de endurance (Samulski et al., 2005).
2.3 Marcadores,
sinais e sintomas
Na
tabela 1 estão descritos os principais marcadores, os sinais e os sintomas que
os atletas com supertreinamento poderão desenvolver ao longo do ST.
Tabela 1. Marcadores, Sinais e Sintomas do Overtraining (adaptado de Alves, 2006).
De um modo geral os
principais sintomas do overtraining são sentimentos de depressão, apatia geral,
decréscimo da auto estima, instabilidade emocional, diminuição do desempenho,
perda da capacidade de super compensação, cansaço, irritabilidade, distúrbios
de sono, perda de peso e apetite, aumento da freqüência cardíaca, aumento da
vulnerabilidade a lesões, e alterações hormonais. Um importante aspecto clínico
da síndrome de ST é o aumento da susceptibilidade a infecções (Ackel, 2003;
Oliveira 2011).
2.5 Diagnóstico e monitoramento
Apesar
de o overtraining ter sido descoberto em 1970, o diagnóstico deste é muito
complicado, não existe ainda, nenhum critério exato, geralmente os médicos e
treinadores tendem a buscar outras doenças antes que a confirmação seja feita.
Sendo que o ideal para um atleta seria descobrir ainda no estado de overraching
uma vez que a recuperação é mais rápida, do que um atleta que já apresenta
overtraining (Paiva, 2005).
O
monitoramento deve ocorrer considerando as variáveis fisiológicas,
psicológicas, imunológicas e bioquímicas de cada atleta, isoladamente. A
freqüência cardíaca, o hemograma (realizado a cada três ou quatro meses) e o
questionário psicométrico, são variáveis práticas que podem ser utilizadas para
acompanhar o atleta em um período de treinamento. A freqüência cardíaca
pode mensurar a resposta não adaptativa do corpo à demanda do treinamento e por
este motivo é fundamental que o atleta de alto nível estabeleça uma rotina para
acompanhá-la (Rogero et al., 2011).
Na Tabela 2 estão descritos
os principais exames que o Biomédico pode realizar no atleta, com fins
preventivo e/ou controle do overtraining.
Tabela 2. Exames Bioquímicos, Hematológicos e Imunológicos (adaptado de Alves,
2006).
2.6 Tratamento
Diversas
literaturas relatam que a melhor solução para o tratamento do overtraining é o repouso,
sendo que este vai depender da seriedade da síndrome podendo variar de semanas
a meses. Mesmo após o tempo determinado para a recuperação do atleta, alguns
autores reportam que certos atletas apresentam distúrbios nas funções
neuroendócrinas (Lehmann et al., 1993).
Recuperação ativa e
passiva é o melhor tratamento para a síndrome de ST. Deitar-se e não fazer nada
faz parte do tratamento, mas diferentes atividades físicas como ginástica,
pequenos jogos, corridas regenerativas, natação e um equilíbrio dietético
possuem um importante papel no processo de recuperação. Técnicas
psicorregulativas, como relaxamento e treinamento mental podem acelerar o
processo de recuperação. Contudo, prevenir o acontecimento do overtraining
seria a melhor opção (Samulski et al., 2005).
2.7 Prevenção
A seguir, são
apresentadas recomendações para prevenir o ST em atletas, de acordo com Hooper et
al., 1995:
- Considerar que os atletas têm diferentes níveis de aptidão e tolerância à carga de treinamento;
- Monitorar o desempenho mediante registro dos treinamentos e competições;
- Aumentar a carga de treinamento de forma progressiva, utilizando para isso a periodização no estabelecimento dos exercícios. Não aumentando a carga de treinamento semanal por mais de 10%;
- Propiciar as modificações da carga de treinamento, com reduções do volume, alterações da intensidade e evitando a monotonia nos treinamentos, priorizando os períodos de recuperação;
- Estabelecer metas realistas e atrativas para o treinamento e competição;
- Evitar competições em excesso, fazendo uma programação anual adequada;
- Incentivar o desenvolvimento das capacidades psicológicas, fisiológicas e sociais mediante a manutenção de uma boa saúde e condição física, com controle dos fatores de estresse e treinamento equilibrados;
- Manter uma dieta equilibrada, com larga variedade de nutrientes.
Podemos destacar o
Biomédico como o profissional com maior capacidade de atuar na prevenção,
diagnóstico e controle do overtraining, sendo este um profissional generalista
e multidisciplinar cada vez mais inserido no mercado de trabalho devido suas
diversas ferramentas de atuação e desempenho apto a atuar na área esportiva.
3. Conclusão
Prevenir, detectar todos os sinais e sintomas que
antecedem o Overtraining é fundamental, uma vez a carreira do atleta e sua
saúde podem ficar comprometidas dependendo da gravidade da síndrome. O
Biomédico é um profissional considerado pioneiro na fisiologia do esporte, tendo
grande importância na detecção e prevenção do overtraining, auxiliando com
exames bioquímicos, hematológicos e imunológicos além de desenvolver um roteiro
ideal de treinamento, com uma dieta equilibrada e treinos adequados, enfim
trabalhando com cada atleta de acordo com sua capacidade, ajudando assim na
saúde, na performance e em sua carreira.
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Artigo desenvolvido na disciplina 'Biomedicina do Exercício no Esporte' pelos alunos Alex Giacominni, Édson da Silva Rezende, Suelen Cequinel Moraes sob a orientação do Prof. André Bellin Mariano, D.Sc.